
É comum que, ao saber que alguém condenado a uma pena longa está saindo da prisão por alguns dias — as chamadas “saidinhas” —, muitas pessoas fiquem surpresas. Alguns até acham injusto: “Como assim? Ele cometeu um crime grave e está andando livre?”.
Mas a verdade é que não se trata de um privilégio ou de um erro do sistema. As saidinhas são uma ferramenta legal, prevista na lei, e têm como objetivo principal preparar o preso para voltar à sociedade — e não apenas puni-lo.
O QUE SÃO AS “SAIDINHAS”?
As “saidinhas” são autorizações judiciais que permitem ao preso sair da prisão por um período curto — geralmente aos finais de semana ou em feriados — para visitar familiares, trabalhar ou participar de atividades educativas e terapêuticas. Elas só podem ser concedidas quando o preso está no regime semiaberto, ou seja, após cumprir parte da pena no regime fechado e demonstrar bom comportamento.
Ou seja: não é qualquer preso que tem direito às saidinhas. Para obtê-las, o condenado precisa:
- Ter cumprido parte mínima da pena (geralmente 1/6 da pena para primários e 1/4 para reincidentes);
- Apresentar boa conduta carcerária;
- Estar em situação de progressão de regime;
- Ter sido submetido a exame criminológico, quando necessário.
Além disso, as saidinhas são sempre acompanhadas de restrições — como uso de tornozeleira eletrônica, proibição de sair da cidade ou de frequentar determinados locais.
POR QUE ISSO EXISTE?
A ideia por trás das saidinhas é simples: a prisão não existe apenas para punir, mas também para ressocializar. A pessoa que sai da cadeia após anos de isolamento precisa aprender a viver novamente em sociedade — e isso não acontece da noite para o dia.
Imagine alguém que passou 20 anos preso, sem contato com a família, sem acesso à tecnologia moderna, sem saber como usar um celular, um aplicativo de transporte ou até mesmo como comprar comida em um supermercado. Se essa pessoa for solta de repente, sem preparação, ela estará muito mais propensa a reincidir — e a voltar à prisão.
As saidinhas servem justamente para evitar esse cenário. Elas permitem que o preso:
- Reintegre-se gradualmente à vida social;
- Mantenha vínculos familiares;
- Volte a trabalhar ou estudar;
- Aprenda a lidar com a liberdade sob supervisão.
E POR QUE AS PESSOAS ACHAM QUE É UM ABSURDO?
Muitas vezes, o choque vem da falta de informação. As pessoas veem um nome conhecido saindo da prisão e pensam: “Ele cometeu um crime grave e está livre?”. Mas o que elas não sabem é que:
- Esse indivíduo já cumpriu parte significativa da pena;
- Está sendo monitorado pela Justiça;
- Só pode sair por períodos curtos e sob regras rígidas;
- O objetivo é garantir que, quando ele sair definitivamente, não represente um risco à sociedade.
Além disso, é importante lembrar: no Brasil, não existe prisão perpétua. Mesmo os crimes mais graves têm penas limitadas — e, em algum momento, o condenado será solto. O sistema penal brasileiro entende que, quanto mais preparado o preso estiver para a vida fora da cadeia, menos chances ele terá de cometer novos crimes.
CONCLUSÃO: O SISTEMA PENAL É COMPLEXO — MAS NÃO É INJUSTO
Você não precisa aceitar a ideia de que alguém condenado a uma pena longa possa sair da prisão por algumas horas. Mas é importante entender que isso não é um erro — é uma regra legal, com objetivos claros: reintegrar o preso à sociedade, reduzir a reincidência e garantir que, quando ele sair definitivamente, esteja preparado para viver em liberdade.
Se você quer entender melhor como funciona a progressão de regime — ou se está envolvido em um caso judicial e quer saber quais são seus direitos — procure um advogado especializado em direito penal. Ele pode explicar o processo, acompanhar sua situação e garantir que seus direitos sejam respeitados.
D. Ribeiro é Advogado Criminal na Capital – SP – Brasil, e possui também um canal no Youtube chamado Notícias do Ribeiro, para falar direto comigo basta clicar aqui 👉 https://wa.me/5511985272009
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